A Tinta Mais Branca do Mundo: Uma Aliada Contra o Aquecimento Global
Imagine uma cor branca tão pura e deslumbrante que desafia todas as noções prévias que tínhamos sobre esta tonalidade. O cientista Xiulin Ruan conseguiu alcança...
Imagine uma cor branca tão pura e deslumbrante que desafia todas as noções prévias que tínhamos sobre esta tonalidade. O cientista Xiulin Ruan conseguiu alcançar essa proeza ao criar o branco mais branco do mundo. A sua motivação vai muito além de um simples recorde no Guinness; o seu objetivo é transformar as cidades e torná-las mais frescas.
Com a sua equipa na Universidade de Purdue, o professor Ruan tem-se dedicado a aperfeiçoar a tinta branca ao máximo. Em 2020, apresentou a “CaCO3 acrylic”, mas em 2021 superou-se com uma versão ainda melhor: a tinta “BaSO4”, que se tornou a “tinta mais branca” do mundo, certificada pelo Guinness.
Mas porquê tentar encontrar a tinta mais branca? A resposta é surpreendentemente simples, mas repleta de potencial. O objetivo é criar uma tinta capaz de refletir a luz solar de forma incrível. Em 2020, a tinta “CaCO3 acrylic” já apresentava uma refletância solar de 95,5%. Um ano depois, a versão aperfeiçoada “BaSO4” elevou essa marca para 98,1%.
Comparativamente, as tintas brancas convencionais disponíveis no mercado refletem apenas entre 80% a 90% da luz solar. A tinta ultrabranca do professor Ruan é capaz de refrescar as superfícies pintadas abaixo da temperatura ambiente, dispensando até mesmo a necessidade de ar condicionado.
O segredo dessa tecnologia remonta aos anos 70, com o conceito do “arrefecimento radiante”. Através de intensa pesquisa, a equipa selecionou cuidadosamente os materiais e formulações, resultando numa tinta “ultrabranca” com alto teor de sulfato de bário.
“Observamos vários produtos comerciais, basicamente tudo o que é branco. Descobrimos que, usando sulfato de bário, pode-se teoricamente tornar as coisas muito, muito reflexivas, o que significa que elas são muito, muito brancas.”
Xiangyu Li
O potencial dessa descoberta é grandioso. Imagine cobrir uma área de telhado com essa tinta, proporcionando 10 quilowatts de potência de arrefecimento. A aplicação em larga escala poderia representar uma significativa diminuição dos gastos energéticos e emissões de gases poluentes.
A visão dos cientistas é audaciosa. Se essa tinta fosse aplicada em apenas 1 a 2% da superfície da Terra, como uma pequena área do deserto do Saara, poderia ter um impacto significativo no aquecimento global, refletindo mais calor do que absorvendo.
Mas a equipa de Xiulin Ruan não para por aí. Em 2022, desenvolveram uma nova formulação mais fina e leve, ideal para dissipar calor nos veículos e até em naves espaciais. Essa evolução permitiria aplicações em situações mais específicas, como em carros, comboios e aviões.
Ainda há muito a aprimorar, mas o objetivo é claro: expandir a sua tinta branca mais branca do mundo e torná-la acessível ao mercado. Um avanço tão significativo como este merece ser compartilhado com o mundo, e quem sabe, em breve, a paisagem urbana poderá refletir todo a fresquidão e inovação desta descoberta científica.
“Quando iniciamos este projeto há cerca de sete anos, tínhamos em mente economizar energia e combater as mudanças climáticas”, disse Xiulin Ruan , professor de engenharia mecânica em Purdue, num episódio de podcast de This Is Purdue”.
Xiangyu Li
Fontes: Universidade de Purdue, Guinness, ACS Publications
Crédito das imagens: Purdue University/Jared Pike; José Povos
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